Solidão

O post abaixo foi originalmente publicado em 30/11/2009

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Todos os dias passo por uma rua pra vir trabalhar onde tem um buteco, daqueles bem fuleiros mesmo.

Neste buteco, as 9h, 9h30 da manhã, os frequentadores mais assíduos são idosos, homens, e com expressões de tristeza que não consigo explicar.

Um em especial sempre me chama atenção, já que sempre fico parada num farol fechado bem na frente.

Como (ainda) não consegui tirar uma foto da cena, vou descrevê-la.

Sei que você tem uma imaginação fértil e vai conseguir visualizar.

“Um buteco bem fuleiro, com as paredes brancas descascadas, piso interno na frente vermelho esburacado embaixo de uma telha mal colocada.

Ao seu lado, uma porta verde que já não possui mais uma cor vibrante, alguns degraus de uma escada que apoia e sustenta o senhor que um dia me fez chorar.

Ele, calvo na parte superior da cabeça, cabelos brancos, cinza, sujos e oleosos. Olhos pequenos, pele magra e sofrida de uma vida cheia de coisas que jamais irei saber. Nenhum sorriso. Nunca. Somente uma barba longa da mesma cor de seu cabelo e um cansaço aparente, que nem a escada, nem o chão, nem a telha, nem a bebida e muito menos as pessoas que o cercam conseguem cessar. Seu olhar vê o nada e ele nem percebe que eu o enxergo. Será que ele tem quem o ame? Será que ele já amou? Será que ainda ama?“


Hoje senti falta do “meu” velhinho do bar.

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